O Brasil possui aproximadamente 30 milhões de hectares de pastagens em algum estágio de degradação, uma área equivalente ao dobro do estado do Acre. Esse é um panorama preocupante, já que a degradação de pastagens ou áreas agrícolas geram grandes prejuízos econômicos e ambientais, como perda de área produtivas, assoreamento de igarapés, rios e lagos, diminuição da qualidade da água e perda de biodiversidade.

Diante desse cenário alarmante, estudantes do curso técnico em Florestas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas – IFAM/campus Eirunepé, tem estudado e testado técnicas de recuperação de áreas degradadas, com o foco no bioma da Amazônia.

No dia 01 de outubro de 2017, os estudantes do terceiro semestre do curso Técnico em Florestas realizaram uma aula prática da disciplina de Recuperação de Áreas Degradadas (RAD) em uma propriedade rural no município de Eirunepé-AM. Nessa aula os alunos tiveram a oportunidade de conhecer uma pastagem em início de formação de uma voçoroca, que é uma grande erosão ou “ferimento” no solo, muitas vezes irremediável.

Ao longo da aula, os alunos discutiram o conteúdo aprendido em sala e aplicaram quatro técnicas de RAD: 1) o cercamento da área para evitar a entrada do gado (imagem “a); 2) a construção de poleiros artificiais com o intuito de atrair aves dispersores de sementes (imagem “b”); 3) a transposição de serapilheira (camada superficial do solo de uma floresta adjacente) objetivando introduzir propágulos de espécies arbóreas e microorganismos benéficos às plantas (imagem “c”) e; 4) a construção de paliçadas, barreiras físicas que diminuem a velocidade da água e retém sedimentos, evitando a erosão e a perda de solo na área (imagem “d”). Utilizando essas técnicas, os estudantes concluíram todos os passos iniciais para o controle da erosão e a recuperação dessa área degradada.

Além disso, os estudantes puderam interagir com o proprietário da fazenda, o Sr. Arquimimo, que respondendo a uma pergunta de um aluno, afirmou: “Eu não considero a recuperação de áreas degradadas como um gasto, mas sim como um investimento. Recuperando essa área em minha propriedade (área onde a atividade de RAD foi implantada), eu deixarei de perder área produtiva, já que a erosão estava aumentando a cada dia. Além disso, haverá maior produção de água para o igarapé e consequentemente o gado terá água de melhor qualidade e em maior quantidade para beber. Portanto, no meu ponto de vista, um projeto de RAD é um investimento”.

A aula prática foi organizada pelo professor da disciplina de RAD, Marcos Simão, e contou com o apoio do Prof. Paulo Lima (da área de produção animal), com a técnica em enfermagem Denyelle Azevedo, do Assistente de Aluno Erimar Oliveira e do motorista Márcio Ramos.

Por: Marcos Simão