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AÇÕES DO PROJETO PRÁTICAS CULTURAIS E CONSTRUÇÃO ÉTNICA SATERÉ-MAWÉ NOS ANOS DE 2016 E 2017
Projeto de Extensão
O seu objetivo principal foi desenvolver a formação continuada e a capacitação de professores e tu’isas da área indígena do rio Marau, das escolas municipais e estaduais na sede de Maués e acadêmicos da UEA com o intuito de fortalecer a prática pedagógica deste público. Os temas tratados nas oficinas destacaram às práticas culturais da Etnia Sateré-Mawé em que se buscou alcançar uma reelaboração daquilo que representa as políticas tradicionais da etnia e as políticas públicas implantadas e assimiladas ao longo do período que compreende desde a colonização até nossos dias.
Foi sobre esta ótica que nosso projeto promoveu ações educativas, no intuito de projetar novas ações-reflexivas a respeito da realidade Sateré-Mawé. Os procedimentos metodológicos foram elaborados como base nos seguintes princípios norteadores: realização de oficinas e palestras aos professores e tuxauas, fortalecimento de práticas culturais da cultura Sateré-Mawé através de narrativas orais, ampliação de saberes de diversas áreas de conhecimento. Destacaremos abaixo parte de nossas ações:
Certificação Terra Nova 2017
No mês de dezembro de 2017, foi realizada a certificação dos professores, tu’isas e comunitários da Comunidade Terra Nova no rio Marau. Os professores Vilma de J.A. Serra e Carlos Dinely Esteves se deslocaram para área indígena, a fim de realizar a certificação dos participantes das oficinas realizadas na primeira versão do projeto no ano de 2016.
Início da Formação em Cooperação Técnica com a UEA em 2017
No dia 10/10/2017, no turno vespertino, na sala 03, da Universidade Estadual do Amazonas, ocorreu a primeira oficina de LIBRAS com o professor MsC. Maxiliano Barros sobre o tema: Práticas Culturais do sujeito surdo Sateré-Mawé. A segunda etapa deste projeto pretendeu continuar as ações da formação continuada aos docentes da área indígena e da cidade de Maués, e neste ano, temos também como público alvo os acadêmicos da Universidade Estadual do Amazonas - UEA.
Atividades na Comunidade Terra Nova
Na oficina sobre a Práticas Culturais foram detalhadas Noções Básicas de Antropologia e Processos Históricos desta Etnia. Vale destacar que durante a exposição o Tu’isa Bernardo Moi, que também, é professor, realizava a tradução oral em língua sateré-mawé. Vale destacar que participaram desta oficinas crianças, adolescente e idosos devido à cultura desta etnia não excluir qualquer geração das atividades lá realizadas, apesar de nosso público alvo ser o professores e tu’isas. Por isso, achamos relevante realizar a certificação dos alunos da comunidade que participaram ativamente das oficinas.
Certificação dos professores da Escola Municipal Salum de Almeida e Escola Estadual Maria da Graça Nogueira e colaboradores em 2016
Certificação dos participantes e colaboradores em 2017
O resultado desta capacitação contou com a formação das áreas acima citadas na primeira etapa em 2016, além de LIBRAS, Química, Psicologia da Educação em 2017. Com isso, os participantes tiveram a oportunidade de ampliar seus saberes, tendo como eixo de conhecimento a cultura Sateré-Mawé.
A oficina Matemática na cozinha
A oficina “Matemática na cozinha” foi organizada pela nutricionista, Ana Viana, com o objetivo de demonstrar que a alimentação natural, alimentos não industrializados e sem agrotóxicos, são alimentos menos calóricos e possuem nutrientes importantes para o adequado funcionamento do organismo, além de ser de custo baixo por serem alimentos comuns em quintais e terrenos, ou seja, acessíveis, mas pouco consumidos pelo desconhecimento de como deve ser utilizado pela população em geral.
Atividade pedagógica na Comunidade São Pedro
O professor explicou, durante as oficinas, sobre as várias denominações atribuídas aos Sateré-Mawé, Andirazes, Maguases, Manguês, Mawé e Sateré-Mawé, pois durante a colonização na Amazônia, as denominações Mawé (mau-é) é uma denominação do colonizador para com o indígena, esta ação pode ser identificada como imposição ideológica mercantilista, a qual vai padronizar uma denominação a qual será usada tanto pelos brancos como também pelos indígenas.
Durante o trabalho foi realizada “Uma oficina pedagógica” aos alunos dos professores Aliomar Sateré e Claudete Sateré com seus alunos, em sala multisseriada, onde foi proposto ações interdisciplinares sobre o contexto social dos alunos. O resultado foi a produção de histórias sobre suas vidas como: pescar; plantar; colher, tomar o guaraná, entre outros.
Escola Pysye-Kyeretete segundo, o professor Aliomar Sateré, significada “início da educação ou primeira educação”. Esta escola entre tantas outras sediadas em várias comunidades da área, demonstra o retrato da escola indígena como afirma a autora (Lira et al, p.03, 2015) em artigo intitulado Professores Sateré-Mawé e Materiais Pedagógicos na Luta por uma Educação Específica e Diferenciada” que expõe a realidade escolar que busca a “ [...] reconstrução da escola herdada da cultura dominante não tem sido uma tarefa fácil e muito se tem a fazer para que essa instituição venha a ser ressignificada, de fato, a fim de que os sujeitos sateré-mawé se reconheçam no processo educacional das escolas em suas comunidades.” Percebe-se que o ensino é orientado pelo currículo das secretarias de educação como SEMED e SEDUC em que o branco institui suas políticas educacionais desde a colonização do Brasil.
Observe que nesta atividade, o aluno desenha para, em seguida, produzir frases explicativas sobre seus desenhos, tanto em língua sateré-mawé quanto em língua quanto em portuguesa; Ampliando assim os seus conhecimentos: linguístico, de mundo e textual. Observamos que as palavras e os vocábulos que os alunos representaram no papel em branco contextualizou o seu lugar e sua história de vida. Foi gratificante participar, junto com as crianças e com os jovens indígenas o estudo da linguagem verbal e não verbal sobre o cotidiano da comunidade.
Doação de roupas da gincana de 2015
Nesta atividade, foi realizada a doação de roupas que foram arrecadadas na gincana do ano de 2015, ação dos alunos e professores do IFAM/CMA que dividiram entre vários projetos os recursos arrecadados, para que nas curvas do rio, chegassem até às comunidade São Pedro e Terra Nova. Isso fortalece a importância da gincana quanto tem um fim social que irá ajudar os membros menos favorecidos de nossa sociedade. Veja a alegria dos pequenos indígenas na escolha das peças que mais lhe agradaram e que também se ajustaram ao tamanho do seus corpos.
Agradecemos à Coordenação de Extensão do IFAM/CMA, Pró-Reitoria de Extensão, Universidade Estadual do Amazonas -UEA - Núcleo Maués , os Tu'isas da comunidades citadas e todos os professores colaboradores e participantes por esta relevante ação educativa.
Autoria: Vilma de J.A. Serra, Carlos Dinely Esteves e Joana Gabriela.