Você está aqui: Página Inicial > Notícias > Afrocientistas do IFAM-Campus Avançado Manacapuru discutem ciência, racismo e educação

Notícias

Afrocientistas do IFAM-Campus Avançado Manacapuru discutem ciência, racismo e educação

por publicado: 19/11/2021 10h00 última modificação: 30/11/2021 09h49

O Instituto Federal do Amazonas - Campus Avançado Manacapuru (IFAM-CAM) realizou o 1º Encontro Jovem Afrocientista, no dia 10 de novembro deste ano, com o tema ‘Por uma educação antirracista’. O evento fez parte das atividades dos bolsistas do projeto Afrocientista, promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), em parceria com o Instituto Unibanco e os Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (Neab’s) ou entidades correlatas.

Em 2021, o IFAM-CAM participou pela primeira vez do projeto que tem como objetivo despertar em estudantes negros de escolas públicas a vocação científica, transformando a sala de aula em espaços de reconhecimento e potencialização de conhecimentos. O projeto está na segunda edição e é desenvolvido em 19 instituições de ensino brasileiras.

No decorrer das atividades nos últimos 10 meses, os bolsistas refletiram sobre os diversos tipos de racismo (recreativo, institucional, estrutural, entre outros), além de discutir sobre cinema, artes e literatura à luz das pautas identitárias. Para a bolsista Izabelle Vitória da Silva Dourado, o evento foi o momento mais marcante do projeto. “Foi possível trocar experiências, ver os colegas de projeto brilhando e ter contato com pessoas de outros lugares e religiões”, disse.

Solenidade de abertura

Para esta primeira edição do evento no Instituto, houve a mesa-redonda com a participação do professor José Benedito dos Santos, da Universidade de Brasília (UNB) que, na ocasião, falou sobre o ensino de literatura africana como instrumento de reflexão sobre racismo e identidade; da professora Thatianny Alves de Lima Silva, coordenadora nacional do Projeto Afrocientista, que falou sobre os impactos do projeto na educação básica, e apresentou alguns relatos de experiência. A atividade que fez parte da solenidade de abertura do encontro foi mediada pelo professor Jhonatas Geisteira de Moura Leite, coordenador local do Afrocientista e do Neabi.


Também esteve presente na solenidade de abertura, a professora Roberta Enir Faria Neves de Lima, coordenadora sistêmica do Neabi no IFAM, que ressaltou sobre o difícil acesso à ciência por parte dos negros.“Apenas aqueles mais abastados, filhos das elites brancas, conseguem ingressar nos cursos universitários mais disputados e de status social. O movimento negro, em sua base de luta, entende a importância de ocupar espaços que, tradicionalmente, não são destinados a corpos pretos, entre esses espaços está o lugar da ciência. O programa Afrocientista é uma forma de quebrar esse paradigma e mostrar que a ciência não pode ser algo elitizado”, disse.

Programação

Durante o encontro, houve ainda o cine-debate, coordenado pela professora Ana Paula Salvador Ramos. O evento conseguiu ainda envolver a comunidade externa, entre ela estão os povos de terreiros, representados pelo Babalorisá André ty Osun e por Selemar Júnior Yawõ de Yemònjá Ogunté, que ministraram a oficina ‘Ervas que curam e banhos que protegem’. O evento também teve a presença de familiares dos estudantes, como a Sra. Maria Lúcia Almeida Ferreira, que ministrou a oficina ‘Significado e confecção de turbantes’, além do professor Gernei Góes dos Santos, professor de artes do IFAM-CAM, que apresentou as técnicas de tie dye.

No encerramento, o professor Ygor Olinto Rocha Cavalcante, do IFAM - Campus Presidente Figueiredo, realizou a conferência ‘Pedagogia da desesperança’. A atração cultural foi conduzida por artistas locais que fizeram apresentação de dança de rua.