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Centro de Idiomas oferta Nheengatu em São Gabriel da Cachoeira

Turma iniciou com 15 alunos e tem carga horária de 180 horas.
por Ana Paula Batista publicado: 03/04/2017 08h13 última modificação: 03/04/2017 08h13

Localizado na tríplice fronteira entre Colômbia e Venezuela, o município de São Gabriel da Cachoeira (distante 853 km de Manaus) foi o primeiro município no Brasil a cooficializar as línguas indígenas Nheengatu, Tukano e Baniwa. A cooficialização aconteceu por meio da Câmara de Vereadores local com a aprovação da Lei nº 145, de novembro de 2002. E o Instituto Federal de Educação do Amazonas (IFAM) por meio do campus São Gabriel da Cachoeira (CSGC) iniciou agora em março, a primeira turma de Nheengatu, ou língua geral, para servidores do campus.

O curso tem carga horária de 180 horas e é ofertado duas vezes por semana. As aulas são ministradas pelo professor indígena, Edilson Martins Melgueiro ou Kadakawali seu nome indígena na língua baniwa. Inicialmente, o curso atenderá a comunidade acadêmica do campus, sendo posteriormente, ofertada ao público de São Gabriel da Cachoeira. A ação faz parte das atividades desenvolvidas pelo Centro de Idiomas e, pretende em 2017, ofertar o ensino das línguas baniwa e tukano no município.

Segundo Melgueiro, no Amazonas vivem atualmente 69 povos indígenas e aproximadamente 30 línguas indígenas são faladas. “O Censo 2010 contabilizou mais de 200 línguas, entretanto nem todas são estudadas. Temos em nosso campus estudantes de 23 etnias e somos pioneiros na elaboração do Projeto Político Pedagógico (PPP) e na adaptação da matriz curricular que mais se aproxime da realidade indígena”, disse o doutorando em linguística formado pela Universidade de Brasília (UNB).

“A parceria do Campus de São Gabriel da Cachoeira com a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) é de suma importância para o resgate e a valorização da cultura e da língua indígena em nosso país. A grande diversidade e representatividade de todas as etnias de São Gabriel dentro do campus, demonstra a relevância da interculturalidade na missão do IFAM. Nosso objetivo é garantir a adaptação de processos de aprendizado que respeitem às tradições e valores culturais indígenas”, destacou o reitor do IFAM, professor Antonio Venâncio Castelo Branco.

A proposta é que ao final do curso, materiais didáticos direcionados à área de agricultura, pesca entre outros sejam produzidos com tradução para as línguas nheengatu, baniwa e tukano para que sirvam de subsídio no ensino técnico e tecnológico ofertado no IFAM Campus São Gabriel da Cachoeira.

E para o diretor-geral do campus, Elias Brasilino, futuramente o campus ofertará o curso Licenciatura em Linguística - Língua Portuguesa com ênfase em Língua Indígena. "A finalidade do curso é habilitar professores para implementar oficialmente o ensino da língua indígena na rede pública e no âmbito da região do Alto Rio Negro, surgindo assim, o primeiro magistério em língua indígena no país", ressaltou.