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IFAM e a missão de promover a educação escolar indígena

IFAM e a missão de promover a educação escolar indígena

Com 1.099 alunos declarados indígenas, o IFAM atua para assegurar o direito à educação e fomentar a interculturalidade como prática pedagógica.
por publicado: 18/04/2023 22h06 última modificação: 19/04/2023 08h08

Neste dia 19 de abril, data dedicada a celebrar a cultura e herança indígena, o Instituto Federal do Amazonas (IFAM), localizado no estado brasileiro com maior número de indígenas, é uma das principais instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica a ofertar cursos que buscam respeitar a diversidade dos povos originários. 

Com 1.099 alunos declarados indígenas, segundo dados da Plataforma Nilo Peçanha de abril deste ano, a instituição atua para assegurar o direito à educação e fomentar a interculturalidade como prática pedagógica. O Instituto que tem como valores institucionais a inclusão social, a cidadania e o respeito à diversidade, entende que os povos indígenas têm direito a uma educação escolar específica, diferenciada, intercultural, bilíngue/multilíngue e comunitária. 

Para a coordenadora de Educação Escolar Indígena e Educação do Campo da Pró-Reitoria de Ensino do IFAM, professora Darlane Cristina Maciel Saraiva, neste dia 19 de abril, faz-se necessário pensar  nas ações de ensino, pesquisa e extensão junto com os povos indígenas. “O IFAM vem buscando diálogo com o movimento indígena organizado em todos os territórios etnoeducacionais do nosso estado. Olhar para a educação escolar indígena a partir do contexto amazônico, é considerar que a diversidade que aqui se faz presente não se trata daquela do indígena e do não indígena, mas, sobretudo, de reconhecer que existem muitas etnias com práticas sociais diferentes, com línguas indígenas diferentes. E esse respeito à diversidade amazônica, principalmente, deve tangenciar os nossos projetos de cursos, os nossos currículos escolares”, disse.

A coordenadora explica que, enquanto pesquisadora de etnomatemática e que reflete sobre práticas de ensino metodológicas voltadas para a educação escolar indígena, há a necessidade de aprender a não buscar conhecimento eurocentrista dentro de um território indígena. “É preciso que consigamos enxergar outros saberes e outros conhecimentos que estão ali e que, talvez, não sejam validados academicamente, mas que, naquele contexto social, são saberes que vem mantendo a dinâmica daquele povo e suas relações consigo, com os outros e com o ambiente. É imprescindível também que pensemos em uma política institucional indígena no âmbito do IFAM, mas que seja pensada junto com os povos indígenas, e não para eles”, explicou.

De acordo com o reitor do IFAM, professor Jaime Cavalcante Alves, a educação escolar indígena promovida pelo Instituto valoriza os saberes compartilhados nos espaços escolares. “No IFAM, a educação escolar indígena é uma modalidade que garante aos indígenas a valorização da sua cultura e respeito aos usos, costumes e tradições de cada comunidade, bem como assegura o acesso a conhecimentos técnicos e científicos de sociedades indígenas e não-indígenas. E claro, sempre buscamos incentivar ações para viabilizar e ampliar o acesso da população indígena ao ensino gratuito”, afirmou.

Experiência e ações do IFAM no campo da educação escolar indígena

Pedagogia da alternância - O IFAM está de portas abertas para os povos indígenas em todos os seus campi e cursos, levando formações profissionais a terras indígenas próximas às unidades da instituição. As ações são realizadas com base na pedagogia da alternância, uma alternativa para a educação indígena, considerando que o ensino tradicional não contempla as especificidades e as necessidades da população indígena que vive nas aldeias. 

O Instituto já realizou diversas formações em terras indígenas. A última ocorreu em março deste ano, na Ilha Michiles, localizada no município de Maués (distante 253 km de Manaus), quando o reitor do IFAM e lideranças indígenas participaram da solenidade de formatura de 34 alunos da etnia Sateré-Mawé que concluíram o curso técnico de nível médio em Agroecologia na modalidade Educação de Jovens e Adultos Integrada à Educação Profissional e Tecnológica (EJA - EPT). Confira o depoimento do tuxaua Josibias Alencar, líder do povo Sateré-Mawé na ilha Michiles, no município de Maués-AM.

 

 https://youtu.be/EfTCNHqUq0I

Formação de professores - Desde 2015, o IFAM participa do programa Saberes Indígenas na Escola. A ação é uma iniciativa do Ministério da Educação que tem, dentre seus objetivos, promover a formação continuada de professores da educação escolar indígena, especialmente daqueles que atuam nos anos iniciais da educação básica nas escolas indígenas, além de fomentar pesquisas que resultem na elaboração de materiais didáticos e paradidáticos em diversas linguagens, bilíngues e monolíngues, conforme a situação sociolinguística e de acordo com as especificidades da educação escolar indígena.

Redação em língua indígena - Em 2017, o IFAM inovou no acesso dos indígenas à educação profissional e tecnológica. Em uma ação inédita no Brasil, candidatos indígenas dos municípios de Maués (distante 253 km de Manaus) e São Gabriel da Cachoeira (distante 851 km de Manaus) realizaram a redação do processo seletivo do IFAM em língua indígena. 

NEABI - Em cada campus do IFAM, há um representante do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) que tem como finalidades nortear e propor ações de ensino, pesquisa e extensão orientadas à temática da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir das matrizes africanas e etnias indígenas, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, entre outros. É também objetivo do núcleo incentivar ações para viabilizar e ampliar o acesso da população negra e indígena ao ensino gratuito, garantindo a efetivação das ações afirmativas.