Você está aqui: Página Inicial > Notícias > Instituto Federal do Amazonas, realiza formatura em terra indígena em Maués

Notícias

Instituto Federal do Amazonas, realiza formatura em terra indígena em Maués

Instituto Federal do Amazonas, realiza formatura em terra indígena em Maués

Instituto Federal do Amazonas, realiza formatura em terra indígena em Maués
por publicado: 14/03/2023 13h56 última modificação: 08/04/2023 10h46

Na última quinta-feira, 9 de março, o reitor do Instituto Federal do Amazonas (IFAM), professor Jaime Cavalcante Alves, esteve presente na Ilha Michiles, localizada no município de Maués (distante 253 km de Manaus), na ocasião o reitor do IFAM juntamente com lideranças indígenas, participou da solenidade de formatura de 34 alunos da etnia Sateré-Mawé oriundos de sete comunidades indígenas: Ilha Michiles, Nova Esperança, Vale do Quiinha, Belo Horizonte, Vila da Paz, Nova Jerusalém e Monte Horebe que concluíram do Curso Técnico de Nível Médio em Agroecologia na Modalidade EJA - EPT do IFAM.

O IFAM foi a primeira instituição de ensino a adentrar a comunidade e a ofertar um curso que respeitasse as especificidades dos indígenas. O curso foi ministrado por docentes do IFAM Campus Maués na comunidade Ilha Michiles, seguindo os conceitos da pedagogia da alternância, ou seja, as aulas eram ministradas em módulos e os professores se deslocam por um período até a comunidade e depois retornavam ao campus.

Segundo a coordenadora sistêmica da educação escolar indígena e do campo, Darlane Saraiva, os Saterés já aguardavam ansiosos pela oportunidade de qualificação. "Desde 2014 estivemos tratando sobre os moldes de um curso que atendesse a demanda escolar indígena. Hoje, podemos resumir essa trajetória em apenas uma palavra: conquista! O Campus Maués encarou o desafio pedagógico e, principalmente, logístico para suprir a necessidade do povo indígena na região", destacou a coordenadora.

O reitor do IFAM, Jaime Cavalcante Alves, destacou as dificuldades em levar ensino público de qualidade às comunidades amazônidas. "Promover a educação no Amazonas, e enfrentar os diversos desafios, desde o logístico até mesmo a ausência de escolas com Ensino Médio em comunidades do interior é uma batalha, e nesse sentido o IFAM torna-se primordial no atendimento dos anseios das populações tradicionais. Formar esses 34 alunos é o cumprimento de nossa missão institucional, com a qualificação desses alunos as comunidades terão uma produção agrícola voltada aos princípios agroecológicos garantindo a segurança alimentar da população e a soberania alimentar", disse. 

A ESCOLHA DO CURSO 

A demanda por Agroecologia partiu da própria comunidade Sateré-Mawé. Segundo a coordenadora sistêmica da educação escolar indígena e do campo, durante as visitas técnicas foi constatado que havia a questão da escassez de alimentos. "Identificamos a questão da necessidade sobre a segurança alimentar dentro da comunidade. Por isso, a Agroecologia tornou-se uma opção ainda mais viável e coerente para ser desenvolvida junto a esse público. Além disso, nós docentes ganhamos muito com esse intercâmbio interdisciplinar, o crescimento profissional é imensurável e ver hoje esses alunos formados, é uma sensação de dever cumprido", disse Darlene.

Para os alunos, a oportunidade de poder participar do curso em sua região de origem foi muito importante, pois devido as grandes distâncias a serem percorridas até o Campus a participação no curso ficaria muito difícil até inviável, mas a presença do IFAM na comunidade tornou essa capacitação possível.

Superando as expectativas

O curso de Agroecologia do Instituto Federal do Amazonas surpreendeu positivamente seu coordenador, o professor Anndson Brelaz de Oliveira. Segundo ele, o curso superou as expectativas, pois conseguiu abordar e sanar diversas problemáticas relacionadas à saúde, aspectos culturais e ambientais, que foram levantadas durante a elaboração do projeto político pedagógico (PPC).

Durante as defesas dos trabalhos de conclusão de curso, Brelaz constatou que as problemáticas levantadas haviam sido resolvidas em grande parte, especialmente as demandas relacionadas ao resgate cultural e saberes ancestrais. Ele também destacou a forte participação feminina no curso, com 41% dos alunos sendo mulheres, sendo que 94% delas são mães e donas de casa, justamente as maiores responsáveis por manter as tradições e passar o conhecimento ancestral às próximas gerações.

As bancas avaliadoras dos projetos de conclusão foram compostas por professores do IFAM, e contou também com a presença de um professor da etnia Sateré-Mawé, que fez as traduções das defesas para o português, pois alguns alunos optaram em fazer as apresentações em sua língua materna, essa foi mais uma forma de valorizar a cultura e os saberes tradicionais. 


Projeto de etno conversação

Um dos projetos de conclusão de curso apresentados foi a etno conservação de espécies nativas da região. O projeto tinha como objetivo incentivar a preservação de três espécies de quelônios comuns na região: tracajá, irapuca e tartaruga da Amazônia. Devido ao aumento populacional, pesca predatória e comércio ilegal, essas espécies que eram abundantes no passado tornaram-se cada vez mais escassas.

                                

O projeto de manejo sustentável dessas espécies é de grande importância para a cultura ancestral dos povos indígenas da região e, ao longo do curso, mais de 7.000 quelônios foram devolvidos à natureza. Esse projeto representa a missão institucional do Instituto Federal do Amazonas, que é promover educação profissional, científica e tecnológica para o desenvolvimento sustentável da região amazônica.

O curso Técnico de Nível Médio em Agroecologia na Modalidade EJA - EPT do IFAM é um exemplo de como é possível unir a preservação ambiental, o resgate cultural e o desenvolvimento sustentável em um só projeto. A educação é a chave para a conscientização e a transformação da sociedade, e projetos como esse são fundamentais para garantir um futuro sustentável para as próximas gerações.