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POVO INDÍGENA JARAWARA É DIPLOMADO EM CURSO TÉCNICO DE NÍVEL MÉDIO EM FLORESTAS NO MUNICÍPIO DE LÁBREA.

POVO INDÍGENA JARAWARA É DIPLOMADO EM CURSO TÉCNICO DE NÍVEL MÉDIO EM FLORESTAS NO MUNICÍPIO DE LÁBREA.

POVO INDÍGENA JARAWARA É DIPLOMADO EM CURSO TÉCNICO DE NÍVEL MÉDIO EM FLORESTAS NO MUNICÍPIO DE LÁBREA.
por publicado: 19/04/2024 10h32 última modificação: 19/04/2024 10h32

A cerimônia de diplomação dos discentes indígenas do Povo Jarawara no Curso Técnico de Nível Médio em Florestas, na forma subsequente,  foi realizada nos dias 11 e  12 de abril na Aldeia Casa Nova, no sul do Amazonas, município de Lábrea (distante 715 km de Manaus).

No dia 11, no final da tarde, foi realizado o momento esportivo com os jogos tradicionais Jarawara: Kakaro, Tatao e Aber Yokoni, com a participação da comunidade e dos visitantes.

 

No período da noite, foi dado início ao ritual Marina (iniciação feminina) que teve sua culminância na final da cerimônia de formatura.

 

 A conclusão do Curso se dá cerca de 6 anos após seu início em função principalmente das paralisações por conta da crise sanitária e humanitária da Covid-19. A cerimônia foi marcada por muita representatividade, expressões da tradição Jarawara, alegria e emoção dos agora técnicos de nível médio em floresta e da equipe gestora e representantes dos docentes  do IFAM/campus Lábrea presente na cerimônia.

 

O IFAM foi a primeira instituição de ensino a ofertar de forma presencial um curso técnico em uma Terra Indígena na Região do Médio Purus. Fato importantíssimo para os povos e comunidades tradicionais dessa calha de rio. Com destaque, para o projeto de curso produzido a partir do Plano de Gestão Territorial e Ambiental da TI Jarawara/Jamamadi/Kanamati. O curso foi ministrado por docentes do IFAM e de outras instituições parceiras, por meio da Pedagogia da Alternância, respeitando os tempos e espaços da comunidade. O currículo do curso e seu desenvolvimento, se dá em construção coletiva com o povo indígena, e representa a possibilidade de uma ação autonomamente sustentável do uso dos recursos naturais da floresta, em prol e benefício da região como um todo. O curso foi bilíngue, Jarawara e Português, graças à participação ativa dos alunos e de toda a comunidade. E, toda metodologia utilizada no curso, foi construída a cada aula, num processo de aprendizagem continuada entre os professores e os alunos.

 

Cerimônia

No início da cerimônia os alunos entraram no salão cantando e dançando em Jarawara, anunciando a todos a alegria de estarem fazendo a sua festa, resultado de anos de luta de um povo por educação e formação de qualidade.

O discente Sukyo -  JOSÉ MANOEL PEREIRA DA SILVA JARAWARA, fez a fala de abertura agradecendo a todos pela presença e pelo apoio na realização do curso, destacando o IFAM/Campus Lábrea, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas - FUNAI, o Movimento Indígena, o Conselho Indigenista Missionário - CIMI e demais parceiros que direta e indiretamente contribuíram para a formação de toda a turma. Fayamake a todos!!!

Como juramentista tivemos o aluno Hihiriba -  JACINTO NAGER JARAWARA, que fez o juramento em Jarawara, trazendo a importância da defesa do Território Jarawara de forma coletiva com os parentes Jamamadi e Apurinã, que ocupam a mesma Terra Indígena. A sustentabilidade dos rios e igarapés, matas e animais.

A oradora da turma Yima Ini - LINDA FERREIRA DA SILVA JARAWARA, apresentou em seu discurso o agradecimento ao IFAM e às várias instituições que colaboraram para a realização dessa formação. Destaque para a FUNAI, o CIMI, o Ministério Público do Estado do Amazonas e outros parceiros.   Agradeceu ainda ao povo Jarawara e a aldeia Casa Nova/Nascente por ser esta uma construção que se entende coletiva e em benefício de toda uma comunidade. Emoção marcada ainda no agradecimento aos professores que não mediram esforços para estar na comunidade e levar a formação necessária mesmo em condições que fogem às suas rotinas. Destaque especial à persistência e luta das professoras  Neme Boniraha (Dra. Claudina Maximiano) e Manira (Dra. Alessandra Fonseca)  que segundo a oradora, emocionada afirma: “não desistiram de nós!”

O momento foi marcado ainda pelo pronunciamento da Professora Claudina Maximiano que fez a leitura de uma nota especial enviada pelo Ministério dos Povos Indígenas, encaminhada pela Profa. Dra Altaci Kokama (Coordenadora-geral de Articulação de Políticas Educacionais Indígenas, no Departamento de Línguas e Memórias Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas). Em seguida, bastante emocionada, relembrou a trajetória, desde o planejamento da oferta até a sua conclusão, rememorando o esforço, a luta e em especial a vinculação com o povo jarawara que  não desistiu e persistiu para que aquele momento fosse uma realidade.

Estiveram presentes ainda a equipe de gestão do campus Lábrea e que na pessoa do Diretor, professor Adelino M. Galvão Filho, trouxe em sua fala a importância da oferta de um curso em terra indígena, assumida aguerridamente pelo campus e sua antiga gestão na pessoa do Pedagogo Francisco Marcelo Rodrigues Ribeiro, bem como o compromisso dos professores e persistência do povo jarawara em finalizar o Curso apesar das adversidades ao longo da formação. Estiveram ainda presentes os  representantes da FUNAI CR/Lábrea e  representantes do CIMI, que prestigiaram a festa e em representação à parceria ao longo de todo o curso.

O campus realizou a transmissão da cerimônia diretamente da aldeia tornando possível compartilhar em tempo real a emoção e beleza do momento. Estando toda a programação disponível no canal TV IFAM Lábrea (Formatura da primeira Turma do Curso Técnico em Floresta do Povo indígena Jarawara.).

Esteve presente ainda, a Chefe do Departamento de Ações Afirmativas, Diversidade, Inclusão e Povos Tradicionais, a Pedagoga Clisivânia Duarte, que em representatividade ao Reitor do IFAM, Professor Jaime Cavalcante Alves, destacou o compromisso do IFAM em assumir e cumprir com seu papel institucional de levar formação também aos povos indígenas.  Mencionou em sua fala a  gratidão do IFAM em poder ter contribuído e aprendido com o povo Jarawara. Destacou que o IFAM tem o compromisso com a justiça social e o dever de produzir conhecimentos e ações que possam reduzir as desigualdades, especialmente com os povos originários.  Em seu discurso destacou a dificuldade que é realizar educação profissional no Amazonas, porém reafirmou o compromisso do IFAM e de seus professores de promover educação inclusiva e autônoma.

  

Encerramento

A cerimônia encerrou com a  finalização do ritual Marina e o almoço festivo, servido na folha da bananeira da forma tradicional Jarawara. 

 

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas, por meio do Campus Lábrea, se orgulha em formar 23 Técnicos de Nível Médio em Florestas no Povo Jarawara para o mundo do trabalho.