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Projeto pretende produzir fungos geneticamente modificados para emprego na piscicultura

A iniciativa do Campus Coari produzirá fungos capazes de produzir o hormônio de crescimento no tambaqui.
por Vanessa Sena publicado: 10/03/2016 09h05 última modificação: 10/03/2016 09h05

Para estimular o crescimento de peixes em cativeiro, garantindo a reprodução dos animais, a imunidade e, consequentemente, diminuindo os índices de mortalidade, a partir de 2017 o Amazonas passará a contar com fungos geneticamente modificados para emprego na piscicultura.

A proposta é do pesquisador Elson Sadalla que está desenvolvendo um estudo com aporte financeiro do governo do Estado por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) no qual produzirá um bioanabólico a partir da utilização da Pichia pastoris para desenvolver uma linhagem de fungos (leveduras) capaz de produzir o hormônio de crescimento no tambaqui (Colossoma macropomum), espécie de peixe mais cultivado e comercializado no Amazonas e na região Norte.

“Este hormônio de crescimento terá a mesma função fisiológica que o hormônio produzido pelo próprio peixe. No entanto, sabe-se que o hormônio nativo tem sua produção diminuída ou até mesmo interrompida em momentos de estresse do animal, durante a criação em cativeiro, enquanto o nosso hormônio recombinante poderá ser fornecido ao longo do cultivo”, explicou Sadalla.

Os estudos para a produção do bioativo anabólico estão sendo feitos no âmbito do Programa Sinapse da Inovação da Fapeam em parceria com a Fundação Centro de Referência em Tecnologias Inovadoras (Certi).

Segundo ele, a técnica pioneira proporcionará um maior rendimento ao produtor. “Com o uso do nosso produto, o cliente/piscicultor produzirá peixes com biomassa maior que os existentes e com um menor gasto de tempo e recursos – ração, água, estrutura e mão de obra – se comparado ao resultado obtido usando somente as rações comerciais disponíveis”, afirmou.

Aumento da produção

De acordo com Elson Sadalla, com o uso das rações comerciais atualmente disponíveis é possível obter um peso aproximado de 2,5 a 3,0 quilos por peixe, em um período de 12 meses de cultivo.

“Em condições de estresse, os níveis de hormônios na corrente sanguínea também serão reduzidos, o que poderá contribuir para uma redução ou estagnação da conversão alimentar e crescimento do peixe durante o cultivo. Dessa maneira, o uso do nosso produto poderá servir de suplemento bioativo anabólico que, junto a essas rações, poderá acelerar o desempenho zootécnico e o crescimento do peixe em menor tempo de cultivo”, disse Sadalla.

Ele informou que o desenvolvimento do produto deverá passar por quatro estágios em que se verificará a resposta do pescado ao método de hormônio de crescimento utilizado no projeto de pesquisa.

Após a geração das informações e do hormônio ter se mostrado viável para a utilização em peixes em cativeiro, Sadalla disponibilizará um protótipo do produto para ser testado por piscicultores do Amazonas.

“O governo do Estado via Fapeam se apresenta como um parceiro fundamental para o desenvolvimento do projeto de pesquisa que, embora se mostre promissor, demanda um elevado nível estrutural, equipamentos, materiais e recursos humanos. Com a viabilização do apoio financeiro da Fundação poderemos direcionar esforços e recursos para a solução de prioridades, avançando assim no desenvolvimento da pesquisa”, disse Elson Sadalla.

Texto: Agência Fapeam

Fotos: Agecom e Fapeam