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Semana dos Povos Indígenas 2024

Semana dos Povos Indígenas 2024

Semana dos Povos Indígenas: a luta pela representatividade, respeito às territorialidades, soberania alimentar e o bem viver.
por publicado: 18/04/2024 14h43 última modificação: 18/04/2024 14h43

A Semana dos Povos Indígenas é um evento significativo que celebra a riqueza cultural e a importância dos povos originários do Brasil e tem no dia 19 de abril o reconhecimento do Dia de Luta e Resistência dos Povos Indígenas.

Neste ano, a reflexão proposta pelo Conselho de Missão entre Povos Indígenas – COMIN, traz para o centro da discussão - Emergência Climática: povos indígenas chamam para a cura da terra. A temática atual nos coloca em situação de alerta e traz uma reflexão extremamente necessária: até quando iremos pensar no planeta como um espaço inesgotável de exploração econômica? Qual a relação com a natureza ao nosso redor e como iremos deixar o planeta para as próximas gerações? Como iremos nos preparar para aprender, valorizar e resguardar o conhecimento ancestral indígena? Qual o papel da Educação Escolar Indígena e não Indígena no enfrentamento à crise climática?

Nos vemos diante de uma emergência climática porque a terra está doente. Não à toa, na Semana e no Mês dos Povos Indígenas, somos convocados para a cura da terra. Tal adoecimento tem suas raízes no nosso modelo de sociedade. A perseguição do lucro nos leva a exploração econômica da terra e de seus recursos, desconsiderando os limites da natureza. Essa lógica ocidental, que compreende a natureza como fonte inesgotável de recursos, vai na contramão da sabedoria ancestral dos povos indígenas. A exploração desenfreada, que está adoecendo nossas águas, ar e nossas florestas, se remete em impactos ambientais que atingem toda a sociedade. A sabedoria e territorialidade desses povos, nos alertam para uma emergência climática, já sentida por todos (chuvas em excesso, total escassez de chuvas). É fato que precisamos curar a terra. Nesse sentido compreendemos a necessidade imediata de repensarmos coletivamente a lógica social de produção e de consumo. Mas será possível curar a terra sem nos voltarmos para o conhecimento ancestral dos povos indígenas?

Diante da urgência na tomada de decisão para encararmos essa realidade, o Instituto Federal do Amazonas - IFAM atua no sentido de fortalecer e apoiar os povos indígenas na luta pelo território, pela soberania alimentar e, principalmente, por uma educação escolar indígena que forme pessoas capazes de combater esses problemas, que estão cada vez mais presentes nas aldeias.

No IFAM, em âmbito institucional destacamos as ações desenvolvidas pelo NEABI -  Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi), hoje com representatividade em todos os campi e que muito contribuem para o desenvolvimento de ações que promovem a reflexão e o direcionamento de estudos no âmbito do ensino, pesquisa e extensão. Destaca-se ainda o trabalho do Núcleo Geral de Educação Escolar Indígena por meio do Departamento de Ações Afirmativas/DBS/PROEN – cujas ações pautam-se no fortalecimento de ações que garantam o fortalecimento de políticas públicas que garantam a permanência dos estudantes, a preparação de material didático pertinente e a formação docente para lidar com a sua diversidade cultural e social e ainda a ampliação dos espaços de atuação do IFAM a fim de levar aos povos indígenas do Amazonas formação técnica e tecnológica garantindo a inclusão destes nos espaços formativos em que se encontram inseridos.

Seguimos institucionalmente buscando fortalecer as políticas de acesso e permanência dos povos indígenas e a defesa de suas lutas em concordância com Daniel Munduruku:

“ Eu diria que estão tentando impingir na gente a obrigação de dar respostas, de dar solução à crise que o próprio homem branco gerou. Claro que os indígenas estão buscando se fazer cada vez mais presentes, pois não há outro caminho. Ou a gente se apresenta como parte dessa sociedade à beira da destruição e da loucura, ou a gente é engolido por ela sem ter nem sequer direito a falar.”

https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2024-04/modo-nao-indigena-de-pensar-futuro-e-alienante-diz-daniel-munduruku

 


https://comin.org.br/publicacao/semana-dos-povos-indigenas-2024 

Por Luene Cristina Santos e Paulo Adelino de Medeiros – NEABI/ NUGEEI