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Trajetória da criação e implementação do Programa Mulheres Mil

 

O Programa Mulheres Mil começou como um projeto decorrente da Cooperação Inter- nacional Brasil-Canadá – Promoção de Inter- câmbio de Conhecimento para Promoção da Equidade (PIPE). Iniciada em abril de 2007, as ações tiveram como financiadores e exe- cutores, por parte do Brasil, a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), o Ministério da Educação, representado pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica(SE- TEC) e a Rede Norte-Nordeste de Educação Tecnológica (REDENETE) e, por parte do Canadá, a Association of Canadian Community Colleges (ACCC), a Canadian International Development Agency (CIDA) e os Colleges Canadenses. No desenvolvimento das ações, contou com o Conselho das Instituições Fede- rais de Educação Tecnológica (CONIF) e com os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia de 13 estados das regiões Norte e Nordeste. Hoje, todos os IFS implementam ações, ofertando cursos de qualificação para os grupos de mulheres desfavorecidas de suas regiões. Instituído pela Portaria do MEC nº 1.015, do dia 21 julho de 2011, publicada no Diário Oficial da União do dia 22 de julho, o projeto se transforma em Programa e passa a ser implantado em todos os IFs.

Em 2007, o Projeto Mulheres Mil foi exe- cutado pelo então Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET-AM), hoje IFAM. Tinha como público alvo as cidadãs que residiam nas comunidades dos igarapés do entorno da zona urbana de Manaus. A formação era na Área Profissional de Turismo e Hospitalidade, e o curso ofertado foi o de Camareira. O impacto dessa política educacional pode ser constatado pela mudança de comportamento, na elevação da autoestima e no valor que as mulheres passaram a dar ao conhecimento .

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Figura 1: Atividades práticas dos Cursos Realizados pelo Programa Mulheres Mil – 2013.
Fonte: Arquivo do IFAM


Quando se fala em inclusão social, na maioria das vezes, se remete às ações assistenciais que apenas produzem efeito momentâneo. O Projeto Mulheres Mil tem outra dinâmica, pois, além de propiciar emprego, renda e inclusão social, eleva a autoestima das mulheres. Outros diferenciais são o aumento de escolaridade, e o fato de podermos dar ao público-alvo (mulheres) a possibilidade de serem empreendedoras. O papel das mulheres como multiplicadoras de conhecimento dentro de suas comunidades é outro aspecto relevante no percurso das mesmas que, anteriormente, não tinham a menor perspectiva de melhoria de vida.
Já foram contabilizadas cinco turmas que se capacitaram, de 2007 a 2013. A partir de 2011, o Projeto foi expandido para os demais campi do IFAM, contabilizando de 2011 a 2014 cerca de 1.800 mulheres capacitadas. Em 2014, o Mulheres Mil passou a fazer parte dos cursos de qualificação do Programa PRONATEC.

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Figura 2: Formatura do Curso de Biojoias – 2013 no Campus Parintins.
Fonte: Arquivo IFAM.

No IFAM, o plano de curso cujo itinerário formativo oferta disciplinas que serão balizadoras da formação das mulheres é construído contemplando disciplinas instrumentais e específicas da área de capacitação. Essa concepção pedagógica perpassa, também, em aceitar desenhos novos e caminhos de aprendizagem que permitam o diálogo com os saberes não formais e com o conhecimento de mundo trazido pelas mulheres, bem como de permitir um trabalho na verticalização do ensino, promovendo a integração dos diferentes níveis de educação inicial e continuada com a pesquisa e a extensão.

A metodologia utilizada foi a de Avaliação e Reconhecimento de Aprendizagem Prévia (ARAP) que foi desenvolvida pelos Community Colleges do Canadá (instituições de educação profissional e tecnológica simila- res aos Institutos Federais) para promoção do acesso de pessoas desfavorecidas. No Brasil, incorporamos e adaptamos a ARAP para fazer frente às especificidades legais e estruturais do modelo educacional. Dessa experiência foi elaborado o Guia Metodológico do Sistema de Acesso, Permanência e Êxito do Programa Mulheres Mil que considerou a nossa realidade e sistema de ensino.

Nossa trajetória em torno da capacitação e os resultados alcançados foram bastante exitosos, pois os depoimentos das alunas nos revelam que houve uma transformação substantiva tanto na vida pessoal como na familiar, como sujeitos da sua história e cidadania. Podemos citar, por exemplo, mulheres que voltaram a estudar, concluíram os ciclos escolares, hoje estão cursando um curso técnico ou superior; filhos que antes não tinham acompanhamento em seu aprendizado ou que voltaram a estudar.

Para Izabel, a participação no curso na área de Camareira abriu oportunidades que não teve quando era mais jovem. Obrigada pela mãe, ela casou aos 15 anos e teve que abandonar os estudos e, por isso, não concluiu o ensino fundamental. Vítima de violência doméstica, ela conta que passou por maus momentos até que resolveu abandonar o marido e reconstituir sua vida. Hoje, com 40 anos, mãe de dois filhos e casada novamente, ela pretende investir na sua profissionalização. Segundo ela, participar do Projeto Mulheres Mil foi a chance que encontrou para realizar o seu objetivo. “Estou aprendendo coisas que nunca tinha visto”, relata. Nas aulas de informática, ela teve, pela primeira vez, contato com o computador. “Achei difícil, mas aprendi bastante. Às vezes, me atrapalhava com as teclas, mas aos poucos fui aprendendo”. A experiência foi similar quando começou a estudar inglês. No início, sentia-se constrangida, mas aos poucos foi se soltando. “Agora já sei dizer how are you? (como vai você) e you are welcome (seja bem-vindo) e quero continuar estudando”, planeja.
As alunas também apontam as relações interpessoais como um dos principais ensinamentos. “Esse curso é muito importante, porque está nos qualificando não só como camareira, mas também como pessoa. Acho interessante a interação que existe entre todas as alunas”, explica Lizandra. Já Ivone destaca que saber se relacionar com o público é um aspecto fundamental na atividade de camareira. “Aprendemos ainda mais a lidar com o ser humano, porque não é só arrumar quarto e limpar banheiro, temos que saber tratar o público e as pessoas com quem convivemos”, finaliza.

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Figura 3: Certificação do curso de camareira, Campus Manaus Centro, 2011.
Fonte: Arquivo IFAM.

Nossas beneficiárias agora têm outras perspectivas, outra jornada em busca de experiências exitosas. Já capacitamos cerca de 1.800 mulheres ao longo de 2007 a 2014 e, novas turmas já estão em processo de matrícula com oferta de novos cursos, que são muito bem aceitos pela comunidade assistida. Nossa meta é consolidar a cada ano um número cada vez mais expressivo de mulheres em vulnerabilidade social, que buscam melhoria de vida, inserção no mundo do trabalho e renda mais justa, a fim de que possam viver com dignidade e respeito social.

 


Fonte: OLIVEIRA, Nancy dos Anjos. MULHERES MIL: DESAFIOS E CONQUISTAS. Revista Nexus: Revista de Extensão do IFAM. Vol.1, nº 1, Abr. 2015. Disponível em: <link> Acesso em: mai. 2024


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