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DIA 13 DE MAIO: REFLEXÕES SOBRE A ABOLIÇÃO E O RESGATE DO PROTAGONISMO DAS MULHERES NEGRAS
DIA 13 DE MAIO: REFLEXÕES SOBRE A ABOLIÇÃO E O RESGATE DO PROTAGONISMO DAS MULHERES NEGRAS
O Brasil tem uma mancha em sua história que nada nem ninguém poderá apagar: mais de 300 anos de escravidão que foram interrompidos, legalmente, no dia 13 de maio de 1888 pelo ato da Princesa Regente Isabel Cristina. O contexto histórico que levou a herdeira do trono do Império a assinar a Lei Áurea é complexo e merece uma reflexão mais detalhada do que essas poucas linhas às quais nos dedicamos agora. No entanto, é importante compreender que a abolição formal da escravidão no Brasil, não foi um ato resultante da benevolência imperial, mas sim de uma trajetória de lutas quilombolas e abolicionistas, que contaram com a participação de sujeitos que foram apagados dos livros de história. Entre eles, mulheres negras, cujo legado de luta e resistência forjou a libertação do povo negro no Brasil.
Nesse sentido, se há mulheres que precisam ser lembradas neste dia, com certeza não é uma princesa, que o colonialismo nos vendeu como heroína da abolição.
Lembremos de Dandara dos Palmares, líder do mais importante quilombo do Brasil e que jamais se rendeu às exigências da coroa portuguesa. Morreu lutando por liberdade.
Lembremos de Luiza Mahin, que articulou e lutou em diversos levantes e revoltas de escravizados na Bahia, com destaque para a Revolta dos Malês.
Lembremos de Adelina Charuteira, que vendia charutos para arrecadar dinheiro para as lutas do povo negro.
Lembremos de Maria Felipa, marisqueira e habilidosa capoeirista. Liderou um grupo de mulheres que lutou bravamente contra soldados portugueses que tentaram ocupar Itaparica, conseguindo fazer com que eles deixassem a ilha. Também acompanhava as movimentações das caravelas portuguesas e depois passava informações para o movimento de libertação.
Lembremos de Teresa de Benguela, líder do Quilombo Quariterê que abrigava negros e indígenas, causando incômodos à Coroa.
Lembremos de Zacimba Gaba, que durante anos comandou diversos ataques a navios para resgatar negros escravizados.
Lembremos de Anastácia, que foi condenada a usar uma mordaça com gargantilha de ferro, porque ousou lutar contra a violência física e sexual de um homem branco.
O racismo institucionalizado no país, silenciou as histórias destas e de tantas outras heroínas da resistência. Compreendendo que o 13 de maio não é um dia de comemoração, mas sim de reflexão, resistência e combate ao racismo o IFAM, através do NEABI Sistêmico (PROEX), juntamente com o Núcleo de Gênero e Diversidade (PROEN), resgatam estas trajetórias, com objetivo de fazer jus as verdadeiras heroínas da liberdade do povo negro, porque como diz o samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira: “Não veio do céu, nem das mãos de Isabel”.
Roberta Enir Faria Neves de Lima
Coordenadora do NEABI Sistêmico
Luene Cristina Santos de Almeida
Coordenado do NUGED
Vice-coordenadora do NEABI Sistêmico
Inaê Nogueira Level
Secretária do NEABI Sistêmico
Presidente da Comissão Recursal de Heteroidentificação