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DIA 13 DE MAIO: REFLEXÕES SOBRE A ABOLIÇÃO E O RESGATE DO PROTAGONISMO DAS MULHERES NEGRAS

DIA 13 DE MAIO: REFLEXÕES SOBRE A ABOLIÇÃO E O RESGATE DO PROTAGONISMO DAS MULHERES NEGRAS

DIA 13 DE MAIO: REFLEXÕES SOBRE A ABOLIÇÃO E O RESGATE DO PROTAGONISMO DAS MULHERES NEGRAS
por publicado: 13/05/2025 17h58 última modificação: 13/05/2025 17h58

O Brasil tem uma mancha em sua história que nada nem ninguém poderá apagar: mais de 300 anos de escravidão que foram interrompidos, legalmente, no dia 13 de maio de 1888 pelo ato da Princesa Regente Isabel Cristina. O contexto histórico que levou a herdeira do trono do Império a assinar a Lei Áurea é complexo e merece uma reflexão mais detalhada do que essas poucas linhas às quais nos dedicamos agora. No entanto, é importante compreender que a abolição formal da escravidão no Brasil, não foi um ato resultante da benevolência imperial, mas sim de uma trajetória de lutas quilombolas e abolicionistas, que contaram com a participação de sujeitos que foram apagados dos livros de história. Entre eles, mulheres negras, cujo legado de luta e resistência forjou a libertação do povo negro no Brasil.

Nesse sentido, se há mulheres que precisam ser lembradas neste dia, com certeza não é uma princesa, que o colonialismo nos vendeu como heroína da abolição. 

Lembremos de Dandara dos Palmares, líder do mais importante quilombo do Brasil e que jamais se rendeu às exigências da coroa portuguesa. Morreu lutando por liberdade.

Lembremos de Luiza Mahin, que articulou e lutou em diversos levantes e revoltas de escravizados na Bahia, com destaque para a Revolta dos Malês.

Lembremos de Adelina Charuteira, que vendia charutos para arrecadar dinheiro para as lutas do povo negro.

Lembremos de Maria Felipa, marisqueira e habilidosa capoeirista. Liderou um grupo de mulheres que lutou bravamente contra soldados portugueses que tentaram ocupar Itaparica, conseguindo fazer com que eles deixassem a ilha. Também acompanhava as movimentações das caravelas portuguesas e depois passava informações para o movimento de libertação.

Lembremos de Teresa de Benguela, líder do Quilombo Quariterê que abrigava negros e indígenas, causando incômodos à Coroa.

Lembremos de Zacimba Gaba, que durante anos comandou diversos ataques a navios para resgatar negros escravizados.

Lembremos de Anastácia, que foi condenada a usar uma mordaça com gargantilha de ferro, porque ousou lutar contra a violência física e sexual de um homem branco.

O racismo institucionalizado no país, silenciou as histórias destas e de tantas outras heroínas da resistência. Compreendendo que o 13 de maio não é um dia de comemoração, mas sim de reflexão, resistência e combate ao racismo o IFAM, através do NEABI Sistêmico (PROEX), juntamente com o Núcleo de Gênero e Diversidade (PROEN), resgatam estas trajetórias, com objetivo de fazer jus as verdadeiras heroínas da liberdade do povo negro, porque como diz o samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira: “Não veio do céu, nem das mãos de Isabel”.

 

 Roberta Enir Faria Neves de Lima

Coordenadora do NEABI Sistêmico

 

Luene Cristina Santos de Almeida

Coordenado do NUGED

Vice-coordenadora do NEABI Sistêmico

 

Inaê Nogueira Level

Secretária do NEABI Sistêmico

Presidente da Comissão Recursal de Heteroidentificação