PRIMEIRO ENCONTRO DE PESSOAS NEGRAS NO MUNICÍPIO DE LÁBREA, NO AMAZONAS

"Desde o início por ouro e prata

Olha quem morre, então veja você quem mata

Recebe o mérito, a farda que pratica o mal

Me ver pobre, preso ou morto já é cultural."

(Trecho da música "Negro Drama", de Mano Brown e Edi Rock, dos Racionais MC's.)

          No último sábado, dia 23 de outubro de 2021, ocorreu no IFAM campus Lábrea/AM, o primeiro Encontro de Pessoas Negras em Lábrea.

          Este encontro foi idealizado por Érica Silva de Oliveira, aluna de Agropecuária do Instituto Federal; pensado pelas professoras Claudina Azevedo Maximiano e Francine Rebelo; coordenado pela professora Alessandra de Souza Fonseca e organizado juntamente com os discentes: Ana Tamiris de Lima Amorim, Érica Silva de Oliveira e Júnior Almeida. O objetivo principal desta atividade foi refletir sobre como é ser negro(a) em Lábrea, o dia a dia, as lutas e dificuldades vivenciadas por cada um. Foi uma roda de conversa muito rica, contando com participantes de diferentes estados brasileiros, como: Pernambuco, Maranhão, Espírito Santo, São Paulo, Rondônia e Amazonas. Debateu-se diversos temas, dentre eles: o racismo estrutural, discriminação e os diversos relatos de preconceitos expostos durante o diálogo nesta roda.

          O encontro buscou caracterizar-se como um momento de acolhimento e troca de experiências e serviu de base para uma reflexão sobre o contexto de Lábrea. Durante o encontro foi possível constatar que ainda há pessoas que abafam os casos de racismo e fazem com que esses assuntos sejam invisibilizados.

Essa reflexão não pode parar! O encontro foi uma porta que se abriu para tais discussões e não pode ficar só entre aqueles que participaram. O intuito é levar esses relatos para mais pessoas e assim transcender o evento, gerando uma contribuição maior para a cidade de Lábrea, que necessita de diálogos como esse, tão importantes e necessários para todos os que moram na cidade e que, por conta de uma piadinha sobre o nariz, o cabelo, a cor, ou pelo simples fato da pessoa ser negra, pode ofendê-la e machucá-la a ponto de nunca mais se aceitar como é.

          A luta contra o preconceito é uma decisão que precisa ser vivida coletivamente, não é uma responsabilidade só de quem é discriminado. "Se a construção da autoimagem do jovem em nosso país prevê que o negro se sinta submisso e o branco, superior, sempre haverá problemas para a sociedade como um todo", como afirma a consultora educacional Isabel Santos, do Centro de Estudo das Relações de Trabalho e Desigualdades - CEERT.

          Texto elaborado pelos discentes, Érica Silva de Oliveira e Júnior Almeida e revisado pela professora Alessandra de Souza Fonseca.