Alunos de Agropecuária Produzem Debulhadora Artezanal

O Curso Técnico em Agropecuária do IFAM Campus Lábrea, tem na sua grade curricular o componente Projeto Integrador II, apresentando em sua proposta a interação do conhecimento das disciplinas da base tecnológica, com o intuito de que ao final da disciplina os alunos criem um “startup”. Foi com esta proposta de atividade que o grupo de discentes finalistas do curso técnico em Agropecuária, Maria das Graças Barbosa Galdino, Karine Jacinto da Silva e Beatriz Paz Gustavo, solicitaram orientação do professor Leandro Coutinho Alho, para elaborarem um produto que pudesse atender alguma necessidade dos agricultores de Lábrea. Pensando nos arranjos produtivos locais, o grupo chegou aos produtores de feijão-caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp), nas terras de várzea das margens do Rio Purus.

Ao realizar um levantamento literário e nas plataformas de pesquisa, o grupo verificou que é preciso de 10 a 15 homens/dia/ha de trabalho para realizar a colheita e debulha do feijão. Pensaram, então, na proposta de confeccionar um debulhador artesanal, de forma que pudesse reduzir o tempo destinado à debulha do feijão, apresentando como vantagens diretas e indiretas aos produtores de feijão-caupi de Lábrea, o menor tempo para comercialização e consumo dos grãos e a redução da mão-de-obra, podendo esta ser atribuída a outras atividades da agricultura familiar. Os passos seguintes foram realizar uma revisão de literatura sobre debulhadores, o desenho técnico e confecção do debulhador, utilizando materiais de baixo custo e/ou reaproveitados. A proposta também foi apresentada como projeto de conclusão de curso técnico em agropecuária (PCCT).

De acordo com o Professor Leandro Alho, no Amazonas, o cultivo do feijão-caupi é mais comum em terras de várzea, pois o solo é mais fértil comparado aos da terra firme da região, reduzindo ou mesmo dispensando a aplicação de calcário e fertilizantes sintéticos. Continuou citando dados do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal do Amazonas (Idam), que apresentaram Lábrea como maior produtor de feijão-caupi no Estado.

Segundo informações levantadas pelo grupo de pesquisa, o processo mais comum de debulha do feijão-caupi realizado pelos produtores locais é o manual, que consiste em abrir vagem por vagem para retirada dos grãos. Também é praticada a bateção, que consiste em colocar as vagens em sacos de ráfia e realizar bateções com porrete de madeira para a quebra das vagens e retirada dos grãos. No entanto, o grupo afirma até a data da presente publicação não se tem conhecimento da utilização de máquinas para a debulha do feijão, o que torna do protótipo do debulhador confeccionado um importante instrumento para o desenvolvimento do processo produtivo do feijão-caupi no município.

Para verificar a eficiência dos métodos de debulha, foi realizado a debulha à mão por uma das integrantes do grupo de pesquisa e na debulhadora artesanal. Para ambos os testes foram utilizados 18 litros de vagens, medidos em um balde nesta capacidade. Os resultados foram surpreendentes! Enquanto o tempo gasto na debulha manual do feijão-caupi foi de 134 minutos, na debulhadora artesanal despendeu somente de 5 minutos, com uma perda mínima de feijão no processo da debulha.

Quanto as ações seguintes do trabalho, o professor Leandro Alho, comenta que o debulhador ficará disponível no IFAM Campus Lábrea à comunidade como modelo para réplicas ou para atender produtores que queiram realizar a etapa da debulha do feijão no debulhador artesanal.

Veja o Projeto na Prática: