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Atividades letivas do Curso Técnico de Nível Médio em Florestas

Ofertada ao Povo Jarawara da aldeia Casa Nova-Nascente, Terra Indígena Jarawara/Jamamadi/Kanamati.
publicado: 05/04/2023 10h32 última modificação: 05/04/2023 10h32

Atividades letivas do Curso Técnico de Nível Médio em Florestas

Eka yama kabanika yama nafi naha e tonofiyorabone eke

Manejo florestal é usar os recursos da floresta sem destruí-la

 

Entre os dias 28 de março e 01 de abril, foram realizadas atividades letivas do Curso Técnico de Nível Médio em Florestas, ofertada ao Povo Jarawara da aldeia Casa Nova-Nascente, Terra Indígena Jarawara/Jamamadi/Kanamati, referentes à disciplina Manejo de Florestas Nativas. 

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Durante o desenvolvimento da disciplina, sob coordenação da professora Alessandra de Souza Fonseca, docente EBTT Engenharia Florestal do IFAM campus Lábrea, abordou-se conceitos relevantes ao contexto do Manejo Florestal, dada a especificidade do curso, a partir do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) da referida Terra indígena, publicado pela FUNAI em 2020. 

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Estudando o texto do PGTA, foram identificadas falas importantes, sendo devidamente transcritas, pelos discentes do curso, para a Língua Jarawara.

A primeira fala, é o título deste breve texto: “Eka yama kabanika yama nafi naha e tonofiyorabone eke - Manejo florestal é usar os recursos da floresta sem destruí-la”. E como usar sem conhecer? A partir disso, chegamos à próxima fala em destaque: “Yama kabanika yama naha e awaha kakatomi e watohabone eke nafi – Para saber usar, preciso saber o que tem nela”.

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A partir desse contexto, os discentes realizaram atividade de identificação quali-quantitativa de alguns dos recursos naturais presentes na Terra Indígena, demonstrando íntima relação com a floresta e profundo conhecimento dos recursos presentes no seu território.

Posteriormente, todos refletimos sobre as riquezas naturais presentes nas florestas da Terra Indígena Jarawara/Jamamadi/Kanamati, chegando ao terceiro destaque de fala presente no PGTA: “E nafi ka yama kabani eekakatomahi, yamata naha nafi etonafiyora boné eke, ahabatera bonehe fara tohaha tohate bonehe. Yama kabani e kihariya e watarene me te e amake Sarawara me e. Eka iti me winimete ya e winineke eka noti me winate habame amake – A gente tem que proteger a floresta, para sempre poder se alimentar e não acabar tudo de uma vez. Sem a terra a gente não vive como Jarawara”.

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E, visando cuidar e proteger a casa dos Jarawara, realizamos atividade prática de limpeza da aldeia Nascente, definindo-se, como acordado no PGTA, um dia específico para que todos os moradores da tabora Nascente, trabalhem juntos para manter a aldeia limpa. Finalizando, assim, a semana de trabalho letivo e registrando a fala de destaque, final: “Eka yama kabani fara tohatohate boneke enaro ahi. Otaka noti me wina tibone karo ahi. Otaka yama kabani tonahiyi ota nofa kere – No futuro, queremos nossa terra desse jeito. Para nossos netos ficarem aqui. Não queremos nossa terra destruída”.

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Na oportunidade, foram entregues aos discentes exemplares do livro "Portfólio: Aprendendo a ensinar/ensinando/aprendendo com o Povo Jarawara da aldeia Casa Nova", de autoria das professoras Claudina Azevedo Maximiano (Neme Boniraha) e Alessandra de Souza Fonseca (Manira), publicado em 2021. O livro socializa a experiência de aprendizagem realizada entre as docentes e os discentes do Curso Técnico em Florestas ofertado ao Povo Jarawara da aldeia Casa Nova-Nascente, ou seja, eles mesmos. Foi uma satisfação entregar os exemplares para os representantes da turma, Linda e Jacinto. Todos ficaram felizes e curiosos para lerem a história do curso, lembrando as disciplinas trabalhadas pelas professoras e o material que produziram, em 2019. Considerando a necessidade de compartilhar a experiência com os parentes que moram na mesma "casa", as aldeias Água Branca, Canta Galo, Mabideri e Escondido, que participaram da elaboração do PGTA, também receberão dois exemplares do livro, pelas mãos de nossos discentes.

Faya amake. Muito obrigada.

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